segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

vermelho

ainda bem que o meu santo é forte
me guia sempre pro norte
é, eu tive sorte

ainda bem que me fez assim, amor
superador de toda dor
o dom do calor

pena pra você não se entregar
sucumbir ao seu próprio ego
eu tô nas mãos do pai, no ar
você, prego. eu, sobre o teto

pena pra você me machucar
a destruição é o seu espelho
eu vou levar, leve a navegar
a cor do amor, que é vermelho

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

XXV

a criança irradiante brincava no lago dos cristais
o lago irradiava dentro da brincadeira das crianças cristal
os cristais eram crianças e irradiavam lagos ao brincar

tudo era transparente e iluminado
tlin, tlin, ploc, tlin...
brilhava e caía
se misturava com o tudo e o tempo
o tudo era amor
e o tempo...
transparente e iluminado

XVII

- eu apaguei a centelha
- você está delirando, não pode ser
- apaguei. pisei com toda a força de mundo que tinha
- pés são pés, não mundos!
- os meus são imundos. mundanos. ainda bem que me levam pelo mundo, e que tanto mundo levam sobre eles.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

paz na terra e amor aos homens

respiro fundo e direito
um, dois, três...
e aquilo que não tem jeito
aqui não tem vez!

sorte vem com fé e calma
e lá nos confins da alma
juntos haveremos de encontrar
paz na terra e amor aos homens
sermos sábios como monges,
manter o dom de se encantar!

amar não dói, creia
é que a gente esquece como amar...
mão colhe, mãe semeia
ser criança é dom de purificar

vem mãe, irrigar minha consciência
e de todos os meus irmãos
vem mãe, ensinar sua ciência
pra essa nova geração

esqueça o "eu", esqueça o "meu"
o futuro já está mais próximo!
é hora de ensinar o que a gente aprendeu
o amor é tudo e ele é todo nosso

babylon bye bye

levo uma vida sem sentido
perdida no meu umbigo
e na ponta do nariz
será que já fui feliz?

o mundo se acabando
a crise nos engolindo
comida rápida bulindo
capitalismo inaugurando

e eu na minha cápsula-arma
remoendo dor de cotovelo
(ou de coração?)
dói o estômago (da carne)
o fígado (do ócio)
consórcio
entre o cabelo
e o padrão

cansei de mediocridade
dessa insalubridade
cansei de me arrastar.
ou deus leva a modernagem
ou eu pego minha bagagem
e deixo o eterno me levar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

passo

passariam as coisas inutilmente
e inutilmente calçariam-se os sapatos
as corredeiras, cordilheiras e os espaços
mudam para o nunca e constantemente
passariam passarinhos e meus parentes
e tudo segue para o desembaraço
só não passa o coração da gente
que sempre há de querer ser pássaro