sexta-feira, 6 de abril de 2018

Vida

Insossa.
Não pode ter gosto de mais nada.

Não é vazia porque pesa
É líquida porque vaza
Ácida porque rasga
Pior que água salobra
Porque realiza a obra
Da infinda tragédia.

Do tempo não espera trégua
Do músculo não teme a mácula
Tampouco a compadece a reza.
É flamejante em sua frieza
Encontra gozo ante a sátira

Ah, sagaz e rápida
Fortuita, desajeitada, lasciva...
E antes que se diga: - viva!
Precede o misterioso cálculo
E, inebriada pelo ópio
Finda seu espetáculo.