ele sai, eu escrevo sobre você
não por necessariamente ser você, porque eu nem sei quem você é direito.
noite passada eram dois, no sonho, e a libido arrepiava meus pelos enquanto eu não queria acordar.
hoje você é doce, sensível, caseiro.
já tem algum tempo que eu olho pra você achando que pode ser você.
há muitos anos eu fico encafifada com o que você sempre significa na minha criação;
freudiana e criativamente;
na forma como consigo isolar os instrumentos mentalmente durante uma música;
no jeito mágico como minha derme absorve um feixe fortuito de luz solar;
no espelho, que de repente se vê tentado a me dar melhores curvas, maiores brilhos;
tudo fica melhor quando você está acontecendo.
esse alimentar-se de paixões platônicas, proibidas e silenciosas, ou de "vocês"
tem sido basicamente a energia que movimenta minha alma em rodopios.
já não acontece mais tanto, nem dura mais tanto, porque a crueza da vida arrebata os dias
mas enquanto você está aqui eu vou me aventurar nesta escrita
mesmo que seja só uma forma de me trazer de novo pra mim enquanto penso em você
e que as notas sobre a contemplação sejam um ensaio.
ensaio feliz quando é com você.