quarta-feira, 25 de julho de 2012
Chuva Dourada
Vos trago no dia de hoje
A missão de muito longe
De história triste contar
Vitória-régia que eu sou
Avó sábia de toda flor
'Inda me ponho a chorar
Conto como se sucedeu
Um amor que padeceu
O pobre girassol
Como pode a natureza
Dona de toda beleza
Apaixoná-lo pelo sol?
...
"Rosa linda mãe das flores
Acalanta meus temores
E a mim venha dizer:
Por que é que sofro tanto
Que pelo quente me encanto
E sem ele não posso ser?"
"Acontece, ouro de amor
Que nessa estrada, toda flor
Um fardo tem de carregar
Lírio chora branco e sombrio
Maria-sem-vergonha dá no vazio
E coral se afoga no além-mar
Onze horas só se entrega uma vez
Violeta quer gritar mas não tem voz
E a tulipa não sabe se enfeitar:
A ti foi dado o duro afazer
De pela estrela quente se perder
De o percorrer sem o enxergar"
"Por que não alcanço meu credor
Se por ele me assolo em tanta dor
Quando ele sai, me ponho a tremer?"
"A história é de veras dolorosa
Mas se que queres essa prosa
Heis que, então, vou lhe dizer:
Acontece que o sol tem aura una
E de flores, tem uma fortuna
Prontas para ele as iluminar
Banha suas irmãs, minhas filhas
Até da Rússia, as flores de tília
Daqui, flores de mel a te zombar"
...
E vendo que não era sua musa
Girassol calou-se confuso
E palavra não ouviu-se mais dizer
Seguiu seu destino castigante
Entregando a seu amante
Toda devoção do seu ser
Mas num dia, durante um eclipse
Alçou as pétalas, virou elipse
Bateu asas e subiu
Encantando todas as flores
Pelo mundo com suas cores
E em fênix se abriu
Homenagem presta-se agora
Quando dá-se em reino flora
Tal eclipse magistral
Todas fingem-se cegas
E esquecem de seus egos
Pelo amor celestial
Da fênix ouve-se o cantar
Que ao sol pudera-se juntar
Num romance lindo astral
E nas flores fica a esperança
De um dia, uma semelhança
Com o grande girassol.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
rascunho de memória
me lembro de ser pequenina
sementinha, mini gente
dor doída era de machucado
tombo de bicicleta.
arrependimento
era cortar o cabelo da boneca
me lembro de ser franzina
brotinho, incandescente
o amor sentava na carteira ao lado
mascando chiclete.
paixão
era pela banda que eu era tiete
me lembro de ser lua nova
crescendo, desabrochando
chororô tinha gosto de maquiagem
nome e endereço.
imagem
e por ela eu pagava um alto preço
me lembro de ser flor no apogeu
dançarina convidativa
varau de pétalas era minha saia
cheiro, adereço.
gandaia
rapazes me dedicando seu apreço
me sou de ser verbo presente
alguma coisa nada mais que gente
que destoa do jardim macio
navegante do pudor massivo
dando progresso ao recessivo
correndo atrás do estio
incógnita complacente
ensaio de ser vigente
me quero ser verbo futuro
nada muito além de amor maduro
que canta calmo ao ver a dor
se encanta com o voo do beija-flor
se entorpece do infinito sem temor
agente polinizador
universozinho puro
o próprio porto seguro.
sementinha, mini gente
dor doída era de machucado
tombo de bicicleta.
arrependimento
era cortar o cabelo da boneca
me lembro de ser franzina
brotinho, incandescente
o amor sentava na carteira ao lado
mascando chiclete.
paixão
era pela banda que eu era tiete
me lembro de ser lua nova
crescendo, desabrochando
chororô tinha gosto de maquiagem
nome e endereço.
imagem
e por ela eu pagava um alto preço
me lembro de ser flor no apogeu
dançarina convidativa
varau de pétalas era minha saia
cheiro, adereço.
gandaia
rapazes me dedicando seu apreço
me sou de ser verbo presente
alguma coisa nada mais que gente
que destoa do jardim macio
navegante do pudor massivo
dando progresso ao recessivo
correndo atrás do estio
incógnita complacente
ensaio de ser vigente
me quero ser verbo futuro
nada muito além de amor maduro
que canta calmo ao ver a dor
se encanta com o voo do beija-flor
se entorpece do infinito sem temor
agente polinizador
universozinho puro
o próprio porto seguro.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
falô
você grita e me enfrenta
diz que a noite já acabou (falô!)
que meu whisky atrapalhou
fala sério, eu quero encrenca!
da nada, nada me importa
quem abre ou fecha sua porta
quem te chama de gracinha
de quem cê tira a calcinha
não me interessa se é aquela
que bagunça seu colchão
que te vê na multidão (feito cão)
que o porteiro diz: "é ela"
muito eu quero de mim mesma
sofrer é bom (pra quem tem dom)
atitude é virtude
meu espelho é amplitude (eu fiz o que pude)
se a você nada valeu
um beijo querido, até a próxima (adeus)
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Contacto
Foco no caminho escolhido
Bolas transparentes
Bocas e pés ardentes
"Yo te quiero" ao pé do ouvido
Seus cabelos dourados como seus olhos
Seu corpo impecável que prendia meu foco
E tudo girava
E tudo ardia
Braço forte com que me abraça
Desenha o cheiro de querosene
Em meu corpo, o teu modo circense
A beleza latina de suas palavras...
Seus cabelos dourados como seus olhos
Seu corpo impecável que prendia meu foco
E tudo girava
E tudo ardia
No dia seguinte veio a despedida
Com gosto de brincadeira, maçã mordida
E você me disse "Buenos dias, linda
¿Por qué no me miras?"
E eu pensava: "Me leva escondida"
E me arrepiava com a sua lambida
E você se agarrava à minha barriga
A textura do sol sendo estendida
Sobre o ato da embriaguez amanhecida
A intensidade do amor, a leveza da vida
Seus cabelos dourados como seu ópio
Seu corpo impecável que prendia meus olhos
E tudo girava
E tudo ardia
Bolas transparentes
Bocas e pés ardentes
"Yo te quiero" ao pé do ouvido
Seus cabelos dourados como seus olhos
Seu corpo impecável que prendia meu foco
E tudo girava
E tudo ardia
Braço forte com que me abraça
Desenha o cheiro de querosene
Em meu corpo, o teu modo circense
A beleza latina de suas palavras...
Seus cabelos dourados como seus olhos
Seu corpo impecável que prendia meu foco
E tudo girava
E tudo ardia
No dia seguinte veio a despedida
Com gosto de brincadeira, maçã mordida
E você me disse "Buenos dias, linda
¿Por qué no me miras?"
E eu pensava: "Me leva escondida"
E me arrepiava com a sua lambida
E você se agarrava à minha barriga
A textura do sol sendo estendida
Sobre o ato da embriaguez amanhecida
A intensidade do amor, a leveza da vida
Seus cabelos dourados como seu ópio
Seu corpo impecável que prendia meus olhos
E tudo girava
E tudo ardia
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