me lembro de ser pequenina
sementinha, mini gente
dor doída era de machucado
tombo de bicicleta.
arrependimento
era cortar o cabelo da boneca
me lembro de ser franzina
brotinho, incandescente
o amor sentava na carteira ao lado
mascando chiclete.
paixão
era pela banda que eu era tiete
me lembro de ser lua nova
crescendo, desabrochando
chororô tinha gosto de maquiagem
nome e endereço.
imagem
e por ela eu pagava um alto preço
me lembro de ser flor no apogeu
dançarina convidativa
varau de pétalas era minha saia
cheiro, adereço.
gandaia
rapazes me dedicando seu apreço
me sou de ser verbo presente
alguma coisa nada mais que gente
que destoa do jardim macio
navegante do pudor massivo
dando progresso ao recessivo
correndo atrás do estio
incógnita complacente
ensaio de ser vigente
me quero ser verbo futuro
nada muito além de amor maduro
que canta calmo ao ver a dor
se encanta com o voo do beija-flor
se entorpece do infinito sem temor
agente polinizador
universozinho puro
o próprio porto seguro.
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