segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Tecido Arte

Não tenho medo de viver da arte.
O que me causa medo é a sua consumação
Que consome minha ação
Que, em suma, é encantar-se

Medo me dão as saias da arte
E em quantas léguas de suas pregas hei de perder-me
E em quantas de suas anáguas hei de encontrar sentido
E em quantas de suas rendas hei de descosturar-me...
Desconstruir-me.
Construindo, assim, o dia, a noite, a verdade dos homens.

O que me causa pavor não são as belas artes
São, ainda, as artes cruas
Em que cada ato é um desensaio, um devaneio, uma ascensão

É como temor de sentir-se contemplado
Por contemplar tamanha beleza,
Que, nem os vértices dimensionais de espaço ou tempo
Ainda que espremidos e sugados
Possam contar do infinito dessa moça...

Ah, bela moça arte, arte moça, artimanha
Sinto-me uma presa
Perdida na beleza
Do seu tear de aranha...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

apenas um ponto

um ser que atrai a confluência de todas as energias transitantes
onde a absorção de toda convergência consome os instantes

a vulnerabilidade tem cheiro de carne fresca para quem disso se alimenta

esperança e força permeiam toda a extensão da confusão mental
não sei o que me move, nem pra onde, nem se é tudo natural

o ser biológico grita expressivamente externalizando a dor da abstinência

me agarro em mim na loucura febril que consome as madrugadas
sou minha própria salvação do ser que em mim fez sua morada

o ponto que oscila entre dois polos
o delírio que transpiro pelos poros