Não tenho medo de viver da arte.
O que me causa medo é a sua consumação
Que consome minha ação
Que, em suma, é encantar-se
Medo me dão as saias da arte
E em quantas léguas de suas pregas hei de perder-me
E em quantas de suas anáguas hei de encontrar sentido
E em quantas de suas rendas hei de descosturar-me...
Desconstruir-me.
Construindo, assim, o dia, a noite, a verdade dos homens.
O que me causa pavor não são as belas artes
São, ainda, as artes cruas
Em que cada ato é um desensaio, um devaneio, uma ascensão
É como temor de sentir-se contemplado
Por contemplar tamanha beleza,
Que, nem os vértices dimensionais de espaço ou tempo
Ainda que espremidos e sugados
Possam contar do infinito dessa moça...
Ah, bela moça arte, arte moça, artimanha
Sinto-me uma presa
Perdida na beleza
Do seu tear de aranha...
Nenhum comentário:
Postar um comentário