rio de janeiro tinha um gosto de sujeira de subterrâneo.
e agora a saudade é como a raiz de uma árvore que quebra o asfalto.
a árvore que perdoou o homem pela sua sordidez.
eu te perdoei.
te perdoei e te quero.
te quero porque com você nenhuma semente era híbrida
te quero pelo que fomos, pelo seu rosto, pelo seu corpo, pelo nosso fruto que caiu antes de amadurecer...
te quero porque você foi a primeira coisa na vida que eu pude chamar de família.
te quero porque agora você habita outros litorais, litorais esses em que hei de plantar uma mudinha de mim.
te quero porque não importa o que eu faça nessa vida, você é o homem que me transformou no que eu sou.
te quero porque cada passo que eu dou tem uma métrica sua
e cada palavra que eu escrevo tem uma métrica sua
e cada palavra que eu falo tem uma frequencia sua
e cada pensamento que há em mim diz que eu sou sua
antes de nascer eu era sua.
eu preciso do mar. porque sou marina.
e preciso da pedra. porque você é pedro.
preciso atracar minha onda em você
porque o mar desesperado sem barreira sai lambendo toda a praia atrás do seu álibi.
preciso me lembrar de ter razão de existir.
um dia na vida eu pisquei os olhos e conheci o paraíso
num outro momento, quando pisquei novamente
brasília me caía como uma cidade pára quedas, na qual eu caí em queda livre e me acabei.
ninguém pode ser feliz com esses quadrados brancos.
preciso me embriagar urgentemente da sinuosidade natural das ondas e dos montes.
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