lembrar de esquecer é sempre lembrar
não importa quão grande seja o esforço
as primeiras chuvas primaveris me aprazem a tez
já fazem dez dias desde que a calmaria começou
os sonhos não deixam de existir e em dor
o vazio parece cada vez mais oco, escuro e fundo
quem sou eu, este ser que anda pelo mundo?
meus passos parecem mecanicamente organizados
as decisões, as escolhas, dessas eu nem me iludo mais
nada foi tomado por mim
a refeição que eu como é a dor que engulo e entala na garganta
o espelho que eu olho me da nojo medo e náusea
as mirabolações da insegurança na cabeça não me deixam existir
em paz
o que será esse sentimento obscuro e tenro
que consome sentimentos eternos
de sobrevivência, auto cuidado e bem estar?
não sei da onde veio, mas sei que estou no meio
de um furacão, um tsunami, um vulcão de lava pulsante
a consciência itinerante tenta me prender em algum significado
mas as auroras e as despedidas são todas filhas
de um mesmo ciclo eterno de dias que nunca acabaram
viver é um fardo
"o mundo não acaba quando você fecha os olhos".
terça-feira, 27 de setembro de 2016
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
apoético
eu nunca tive vocação pra nada
choro em qualquer lugar o tempo todo
não tenho nenhuma habilidade incrível
e as coisas que parecem normais para as outras pessoas
para mim são desafios imensos
coisas que todo mundo fez quando criança eu não fiz
não tenho inteligência corporal alguma
me boicoto em tudo que quero aprender
não tenho grandes amigos nos ambientes burocráticos
perco prazos, acordo tarde, sou desastrada
minto para as pessoas por não conseguir ser o que elas esperam
mas eu preciso ser o que elas esperam
digo que vou, que vou fazer, que dou conta
mas na hora atraso o despertador por mais 3 horas...
só dormir parece me alienar da minha realidade
não sou mais criança ingênua para culpar ninguém
a dor é minha, só minha, eu me tornei minha pior inimiga
não anseio mais colo algum, sei que não há mais consolo algum
me agarro à paixão como o maior paliativo do sofrimento:
largo tudo mais ainda para estar com quem me entrego
é um vício não saudável que me faz tropeçar nas obrigações
que me faz desviar quaisquer assuntos para este assunto
que me faz querer não sair da presença do ser
tenho medo de que cada encontro seja o último
tenho medo de que encurtar as horas signifique
não aproveitar o máximo de tempo de felicidade e afeto possível
minha carência atingiu níveis inimagináveis...
até para mim que nunca fui a mais calorosa
me faltam abraços aos montes e palavras eternas
ao mesmo tempo que parece que nada mais faz sentido algum
(sinceramente
eu nem sei por que escrevi esses versos em poesia)
os dias são todos ritualisticamente iguais
tenho ainda algumas vontades, mas nenhuma motivação
me vejo cada vez mais feia e incapaz no espelho
a auto estima inexistente me faz odiar tudo em mim
acabo me comparando aos outros
e a luta é desleal, eu sempre perco
não queria sentir nada disso
estar esvaziada de cor e vida
mas aconteceu de tudo convergir para esse lugar
lutei por muitos anos, fiz muitos planos
mas seria lindo poder reconhecer a hora de parar
se ao menos me sobrasse coragem
gostaria que as pessoas que eu amo entendessem
caso eu não aguentasse mais ficar.
choro em qualquer lugar o tempo todo
não tenho nenhuma habilidade incrível
e as coisas que parecem normais para as outras pessoas
para mim são desafios imensos
coisas que todo mundo fez quando criança eu não fiz
não tenho inteligência corporal alguma
me boicoto em tudo que quero aprender
não tenho grandes amigos nos ambientes burocráticos
perco prazos, acordo tarde, sou desastrada
minto para as pessoas por não conseguir ser o que elas esperam
mas eu preciso ser o que elas esperam
digo que vou, que vou fazer, que dou conta
mas na hora atraso o despertador por mais 3 horas...
só dormir parece me alienar da minha realidade
não sou mais criança ingênua para culpar ninguém
a dor é minha, só minha, eu me tornei minha pior inimiga
não anseio mais colo algum, sei que não há mais consolo algum
me agarro à paixão como o maior paliativo do sofrimento:
largo tudo mais ainda para estar com quem me entrego
é um vício não saudável que me faz tropeçar nas obrigações
que me faz desviar quaisquer assuntos para este assunto
que me faz querer não sair da presença do ser
tenho medo de que cada encontro seja o último
tenho medo de que encurtar as horas signifique
não aproveitar o máximo de tempo de felicidade e afeto possível
minha carência atingiu níveis inimagináveis...
até para mim que nunca fui a mais calorosa
me faltam abraços aos montes e palavras eternas
ao mesmo tempo que parece que nada mais faz sentido algum
(sinceramente
eu nem sei por que escrevi esses versos em poesia)
os dias são todos ritualisticamente iguais
tenho ainda algumas vontades, mas nenhuma motivação
me vejo cada vez mais feia e incapaz no espelho
a auto estima inexistente me faz odiar tudo em mim
acabo me comparando aos outros
e a luta é desleal, eu sempre perco
não queria sentir nada disso
estar esvaziada de cor e vida
mas aconteceu de tudo convergir para esse lugar
lutei por muitos anos, fiz muitos planos
mas seria lindo poder reconhecer a hora de parar
se ao menos me sobrasse coragem
gostaria que as pessoas que eu amo entendessem
caso eu não aguentasse mais ficar.
Assinar:
Postagens (Atom)