terça-feira, 27 de setembro de 2016

grito

lembrar de esquecer é sempre lembrar
não importa quão grande seja o esforço

as primeiras chuvas primaveris me aprazem a tez
já fazem dez dias desde que a calmaria começou

os sonhos não deixam de existir e em dor
o vazio parece cada vez mais oco, escuro e fundo

quem sou eu, este ser que anda pelo mundo?
meus passos parecem mecanicamente organizados
as decisões, as escolhas, dessas eu nem me iludo mais

nada foi tomado por mim

a refeição que eu como é a dor que engulo e entala na garganta
o espelho que eu olho me da nojo medo e náusea
as mirabolações da insegurança na cabeça não me deixam existir
em paz


o que será esse sentimento obscuro e tenro
que consome sentimentos eternos
de sobrevivência, auto cuidado e bem estar?

não sei da onde veio, mas sei que estou no meio
de um furacão, um tsunami, um vulcão de lava pulsante
a consciência itinerante tenta me prender em algum significado
mas as auroras e as despedidas são todas filhas
de um mesmo ciclo eterno de dias que nunca acabaram

viver é um fardo


"o mundo não acaba quando você fecha os olhos".

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