lembrar de esquecer é sempre lembrar
não importa quão grande seja o esforço
as primeiras chuvas primaveris me aprazem a tez
já fazem dez dias desde que a calmaria começou
os sonhos não deixam de existir e em dor
o vazio parece cada vez mais oco, escuro e fundo
quem sou eu, este ser que anda pelo mundo?
meus passos parecem mecanicamente organizados
as decisões, as escolhas, dessas eu nem me iludo mais
nada foi tomado por mim
a refeição que eu como é a dor que engulo e entala na garganta
o espelho que eu olho me da nojo medo e náusea
as mirabolações da insegurança na cabeça não me deixam existir
em paz
o que será esse sentimento obscuro e tenro
que consome sentimentos eternos
de sobrevivência, auto cuidado e bem estar?
não sei da onde veio, mas sei que estou no meio
de um furacão, um tsunami, um vulcão de lava pulsante
a consciência itinerante tenta me prender em algum significado
mas as auroras e as despedidas são todas filhas
de um mesmo ciclo eterno de dias que nunca acabaram
viver é um fardo
"o mundo não acaba quando você fecha os olhos".
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