terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Apego

Falo de algo que flui,
Se desata, se deixa ir
São filosofias jogadas ao léu
Algo como observar o Relógio da Central
Marcando oito da noite
Seria um simples prédio
Se não fosse pai
Pai de quem vive dessa cidade
Seria apenas uma estrutura de concreto
Se não impusesse respeito.
Mais que o Cristo (que me perdoe)
Só quem passa por ali entende.
Ele é a vida no que há de morte
E de manhã é a morte
Por toda a vida.


meados de 2008.
Acordei, estava uma chuva cálida
Não havia frio, nem calor
Parece que esse tempo aflora o poeta
Como se o sol, pétala por pétala
O crucificasse e desfizesse flor

Procurei pela cama um lençol
De proteção
Lençol esse que me destrairia
Na manhã quente, na noite fria
Da minha imensa solidão.

Então me sentei, olhei ao redor
Da janela vi as árvores molhadas
Que me traziam estranha lembrança:
Eu era donzela, e sorria imaculada
Em meio a toda aquela dança.


final de 2008.