"bom dia, maio!" assim dera boas vindas a sua ascensão e queda.
queda antes. ultimamente um passarinho intruso vinha sendo muito melhor que conversas humanas vazias.
tantas horas de contemplação a renderam um grande amor pelo outono; sua calmaria, a instabilidade de suas folhas...
não pensava em suportar a partida dessa estação, estava apaixonada pela sua efemeridade.
no fim da estação disse a ele que a desse a mão. que confiasse, pois os caminhos dessa vida são bem menos sinuosos quando estamos acompanhados.
mas não havia certeza nos gestos dele.
queria dar-lhe a mão, mas não perdia oportunidade de olhar para trás e certificar-se de também ver outros olhos.
bonitos olhos estáticos.
de certo que, influenciado ou não pela estação, não gostava de estagnar-se. mas gostava daqueles olhos. talvez gostasse do modo incerto como fluíam os dela, mas não sabia se queria dar-lhe sua história.
de início, ela pensava em entregar tudo que era seu nas naquelas mãos delicadas.
depois, apesar da beleza singular de seus gestos indecisos, o encanto das mesmas foi-se transformando em medo
medo do homem e sua maldade. pavor desses de se esconder, de querer ir embora, de chorar debaixo da cama,
de temer até os olhos do amado...
transbordando flexibilidade, ouviu um barulho no alto de sua árvore preferida.
entendeu que naquele momento seria, então, feita a eterna união.
fechou os olhos, deixando tudo para trás, e amando outros caminhos, da vida já não queria levar mais nada que não o aroma, o vento nos ombros, as breves sensações de preenchimento...
pendurou-se como mártir no balanço, e no sopro mais forte do vento, voou com o outono e sua última folha.
horizonte, longe, quieto.
hoje e maio/2012
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