quarta-feira, 24 de outubro de 2012

prego olhos às oscilações mais sutis
ando floreando amores primaveris:
como o caso do passarinho cantarolante
que assim traz à vida ensolarado instante

e como é querida a dor dos amantes
que encontram-se entorpecidos pela estação
é coisa mais linda o instinto clamante
que a natureza regojiza em sêmen e fecundação

eu mesmo, se não fico atento
misturo-me ao pólen do vento
se passa que o elo nos chama de novo:
"saiam dessa vida cinzenta, meu povo!"

e dentro do mais cético, é operada mudança
vira novo o que era velho, ancião vira criança
o vazio ganha verde de primavera e esperança
o que então era estio, se aflora em abonança

e eu, expectador desse milagre, me pergunto
se ainda possa haver quem duvide disso tudo
que nome tem, esse tão perfeito conjunto?
é senhor da primavera, o tal do amor agudo!

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