O verbo se faz desnecessário
O si, o dó e o lá
Se aqui, só ou lá
Transcendem o vocabulário
Musicalizar
O ar colore o silêncio
Antes do ar, era silêncio
E a natureza se fez canção
Nosso som primordial é coração
O mi, o ré e o fá
Em mim, a ré do pensamento
Fa-Rá
O sol
Brilhar
sábado, 18 de maio de 2013
No samba
No jongo
Quilombo
E miçanga.
Ditongo
Na longa Aruanda:
Amando
Amanda, de canga
A mando do Congo
E congas
Nas ancas.
Quilombo
E miçanga.
Ditongo
Na longa Aruanda:
Amando
Amanda, de canga
A mando do Congo
E congas
Nas ancas.
terça-feira, 14 de maio de 2013
XXIX
ela amava o seu coração. mas será que amava o coração personificado? bomba emocional sempre por explodir?
amava como os romances mandam amar.
romantizava o real e irrealizava desde as beiradas. ou amava o seu seu coração? bomba muscular, já tonificado por tantas acelerações... se ela pensava assim, gostava do narcisismo de possuir um coração. o coração dela, então, não saberia o que é amar.
ou era dele ou para ele que vinha ou ia o amor?
dentro dela existia um coração. exotérico e esotérico.
quem ou de quem quer que fosse, ou qual função assumisse, nada. a única coisa que ela sabia é que, embora as ideias amorosas viessem de uma entidade opressora irreconhecível,
antes das lágrimas escorrerem pelo rosto,
elas inundavam o coração.
- "deus, aonde você mora quando tudo transborda?" -
amava como os romances mandam amar.
romantizava o real e irrealizava desde as beiradas. ou amava o seu seu coração? bomba muscular, já tonificado por tantas acelerações... se ela pensava assim, gostava do narcisismo de possuir um coração. o coração dela, então, não saberia o que é amar.
ou era dele ou para ele que vinha ou ia o amor?
dentro dela existia um coração. exotérico e esotérico.
quem ou de quem quer que fosse, ou qual função assumisse, nada. a única coisa que ela sabia é que, embora as ideias amorosas viessem de uma entidade opressora irreconhecível,
antes das lágrimas escorrerem pelo rosto,
elas inundavam o coração.
- "deus, aonde você mora quando tudo transborda?" -
sábado, 11 de maio de 2013
XXVII
eles teimavam em contar uma mesma história sobre um menino muito branco que via seu reflexo num copo de leite. ela já estava cansada de ouvir o ponteiro e as badaladas e o palpitar do coração... ou tudo era uma coisa só?
se essas coisas se inventam, ela inventara a voz.
e antes da voz tudo era corrosivo silêncio.
com a voz ela podia dizer ao dono do açougue que fechasse as portas, ao professor que fosse às favas com os meninos brancos, e ao taxista que parasse de a imaginar nua enquanto ela passava com a bicicleta.
mas calou.
e com a sabedoria de quem inventou a voz, a menina soltou um balão que continha um bilhete.
- então ela falou com deus -
10/05/13
se essas coisas se inventam, ela inventara a voz.
e antes da voz tudo era corrosivo silêncio.
com a voz ela podia dizer ao dono do açougue que fechasse as portas, ao professor que fosse às favas com os meninos brancos, e ao taxista que parasse de a imaginar nua enquanto ela passava com a bicicleta.
mas calou.
e com a sabedoria de quem inventou a voz, a menina soltou um balão que continha um bilhete.
- então ela falou com deus -
10/05/13
terça-feira, 7 de maio de 2013
não quero falar de amor
embriagada na imagem da serpente
tô cansada dessa gente
que finge que não sente dor
me traga qualquer ente de trago de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
enrustidos na carranca, eles cheios de pavor
vivem tudo às metades, falam de liberdade
mas é coisa de ator
do circo do escárnio, cansei desse baralho
liquidificador
liquidando a verdade
me traga qualquer arte de frasco de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
jogaram bomba atômica no meu jardim de flor
minou tudo que existia, só ficou grama vazia
exaurida de favor
calor mata o que não é fato
nunca vi tanto boato
crônica do dissabor
me traga qualquer ato de brado de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
dou adeus às alcalinas
pirilampos, sabatinas
aos domingos de horror
me faça qualquer raça que o instinto dominou
e me quebra a vidraça de cristal do sofredor
porque hoje eu não quero falar de amor
tô cansada dessa gente
que finge que não sente dor
me traga qualquer ente de trago de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
enrustidos na carranca, eles cheios de pavor
vivem tudo às metades, falam de liberdade
mas é coisa de ator
do circo do escárnio, cansei desse baralho
liquidificador
liquidando a verdade
me traga qualquer arte de frasco de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
jogaram bomba atômica no meu jardim de flor
minou tudo que existia, só ficou grama vazia
exaurida de favor
calor mata o que não é fato
nunca vi tanto boato
crônica do dissabor
me traga qualquer ato de brado de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor
dou adeus às alcalinas
pirilampos, sabatinas
aos domingos de horror
me faça qualquer raça que o instinto dominou
e me quebra a vidraça de cristal do sofredor
porque hoje eu não quero falar de amor
Assinar:
Postagens (Atom)