segunda-feira, 30 de setembro de 2013

No escuro do mundo havia uma planta
Sem escudo, a muda, para sua defesa
Eu escuto ela muda sobre aquela mesa
A esculpo e ela muda a cor de seu pranto.

08/13

Nos Olhos dos Bichos

Me solto da existência humana.
Imperceptível.
Leve bruma sem importância.

Qual foi a última vez
Que você ouviu o tino interior?
O sino que descamba
Pro lado das emoções...
Eu que sou carne e não pude
Desenvolver o pleno do que não é.

A preocupação sempre foi carne.
Se vive ou se come.

Carne. O podre do homem.
Eu, meio bicho, não soube me criar
Gente.
Moro no inconsciente.

O que não solve, traga
E isso me sorve e cega.
Meu Deus, me traga de volta
...Se é que existe o que me completa...


11/08/13

Captação da Imagem em Lares Opostos



Derrame seu pranto (santo) no calor de meio-dia
Quem ouvirá teu choro notívago?
Adormecem homens e as juntas e o corpo.
Dói a carne que sou e a que como
E doem os tinos timbrados dos sonhos
Lavei. Levei e fui no anteposto.
O que é aquilo e aonde me ataca?
Aquilo qualquer mais digno
Do que carregar essa existência
Que transforma códigos em informação.
Aonde eu moro em algum lugar lá fora?
Na mendicância do amor que a mim mesma desconheço...
Moro, de certo, no frêmito dos ventos
Nos lares onde ele passa apagando o fogo
E na imperceptíveis oscilações capilares.
Tu que lês um poema sem propósito,
Jamais saberias da tortura de escrever.

Eu sou a minha palavra.
E a minha palavra salva todos os dias a minha vida.

Lavrei.
Jurei-me íntegra e despedaço.


30/06/2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Largada de Véus

Eu e a fumaça e a nudez
O quadro da tortura à lucidez
Do meu corpo puro de amor
No quarto da cruz e do terror

Diminuta dentro do que existe
A Seiva Bruta, corrosiva e ilustre
Caem os panos da tragédia (triste)
Às sombras silenciosas do lustre

Eu de algozes branca e lívida
E os algodões crus dos sonhos
Projetam a cruz em meus ombros
Proteger é necessidade de vida

Me engole a cama e o chuveiro
Nas têmporas, as marcas dos dedos
Sentindo o sujo do sêmen
Agosto. À gosto do homem

Desfalecida
De nojo do falo
E das sereias malignas
Nuas e podres como Moscas mortas
Reajo, solfejo, bocejo ou grito?
Desisto!
O que não existe há de ser mais bonito

Eu me encerro no segundo fato
Entre a lembrança (seis e um ato)
Eu choro como cachoeira fria
E danço com a morte dentro da porta.


(28/08/13)