noite passada fazia frio de madrugada de cerrado e a mesa azul de boteco parecia tão linda lazuli bem mais profunda que seus olhos caleidoscópicos também tão bonitos mas nunca de fato ali uma pausa uns silêncios e seus olhos sempre sempre sempre me mirando fortuitamente e em quase toda oportunidade e eu fingindo não ver não querer ver não querer interagir com a escolha que fiz de ficar na sua querer saber sobre você e pensar em você pra me salvar de mim e dele e eu não quero falar dele mas não posso deixar de imaginar como se não houvesse ele comigo mas a manhã também veio celeste gelada brilhante cortante como o mirar dele deitado das lembranças dos intercursos com o corpo dele com o jeito forte escarlate dele em oposição simétrica com esse seu azul tão leve de ninar e o toque frustrante sutilíssimo delicado corroborando meus medos e inseguranças de não ser nada do que você queria e sim um acidente que você ebriamente acabou deixando ir longe mas não tão longe para ambos de nós porque faltou algum tempero e o meu maior medo de todos é que o amor adulto seja sempre insosso e o índigo blusão seja o mais próximo de um cheiro de casa que possa existir mas nossa como a sua casa fazia barulho um barulho bem parecido com o da sua cabeça que a sua serenidade não deixa transparecer mas eu vi e eu pensando depois de tantos anos vai ser bom e diferente e até foi mas num sentido completamente oposto ao que eu precisava não sei o que fazer pra ter o que eu preciso e de novo o medo de não existir o que eu preciso e eu ter que lidar comigo no espelho e todas as arestas que deixei mal acabadas e ia dizer apará-las mas talvez eu tenha de dilacerá-las desde a raiz e plantar outra coisa nesse solo que me ensine a viver comigo mesma uma eu que não se apaixona e cujas borboletas do estômago fizeram um processo autóctone de se encasular na clausura de si mesmas abdicando de asas de voos e de paisagens cobalto
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