domingo, 8 de abril de 2012

XII

Ardia.
Precisava desvencilhar-se da imagem da carne daqueles lábios.
Ardia.
O dia escancarando a sua supremacia e a água quente descendo como um rio da panela esquecida.
E tudo ardia.
A brisa fria que despedia-se junto com a madrugada carburava o cigarro entre seus dedos por si só. Apreciava àquilo com tanta devoção, como sempre a fascinara o fogo em seus múltiplos aspectos.
Passava os olhos pelas páginas, mas tudo estava turvo por toda espécie de fumaça que enchia a casa de calor.
Mas faltava. Faltavam aqueles lábios...
Pegou o telefone, colocou-o na orelha. Súbito lembrou-se que não tinha a quem ligar.
Exitou. 
Mas mirou a janela e deu-se conta de que era inverno.
E não há espaço para colapsos numa terça feira.


25/03/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário