segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

descolamento de rotina

quando a gente sonha sonho que se sonha só mas se sonha acordado
dá um medo danado que bloqueio criativo seja algo intuitivo
como se avisasse às asas que não é hora para voos, soam
velhos xilofones coloridos adormecidos pela mente infantil
e o adulto não pode dar tom ao som que ouve...
ouse!
houve um tempo assim.

depois o que aos dois olhos parecia belo.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

casa (05/12/2013) ou Carta à Pedro

rio de janeiro tinha um gosto de sujeira de subterrâneo.
e agora a saudade é como a raiz de uma árvore que quebra o asfalto.
a árvore que perdoou o homem pela sua sordidez.
eu te perdoei.
te perdoei e te quero.
te quero porque com você nenhuma semente era híbrida
te quero pelo que fomos, pelo seu rosto, pelo seu corpo, pelo nosso fruto que caiu antes de amadurecer...
te quero porque você foi a primeira coisa na vida que eu pude chamar de família.
te quero porque agora você habita outros litorais, litorais esses em que hei de plantar uma mudinha de mim.
te quero porque não importa o que eu faça nessa vida, você é o homem que me transformou no que eu sou.
te quero porque cada passo que eu dou tem uma métrica sua
e cada palavra que eu escrevo tem uma métrica sua
e cada palavra que eu falo tem uma frequencia sua
e cada pensamento que há em mim diz que eu sou sua
antes de nascer eu era sua.
eu preciso do mar. porque sou marina.
e preciso da pedra. porque você é pedro.
preciso atracar minha onda em você
porque o mar desesperado sem barreira sai lambendo toda a praia atrás do seu álibi.
preciso me lembrar de ter razão de existir.

um dia na vida eu pisquei os olhos e conheci o paraíso
num outro momento, quando pisquei novamente
brasília me caía como uma cidade pára quedas, na qual eu caí em queda livre e me acabei.

ninguém pode ser feliz com esses quadrados brancos.
preciso me embriagar urgentemente da sinuosidade natural das ondas e dos montes.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

XXXI

ele carregava o japão em cor nos olhos gêmeos e poentes de paraísos brasileiros.
o coração solar de um monge menino preservado em essência.


01/10/13

I

- palavras são só palavras, e cabem apenas em palavras -

a mãe de todas as mães morava também dentro dela e era nela que fazia a pergunta de para onde iam todas as coisas que eram sentidas e pensadas e nunca externalizadas.
17. um copo.
um sabor diferente de qualquer coisa existente. gosto de néctar de mistério da existência.
de repente uma revoada que a manteve voando, mas firme no tempo e espaço. 
yakacumã veio nas folhas das árvores. introduziu.
...........................................................
morte.
útero.

"...caberia no espaço lágrima de amor do infinito..."

a rainha é luz, e ela me levou.

as cores o som o cheiro a textura o gosto a intuição o espírito sinestesia sintonia sincronia empatia amor vida energia luz equilíbrio plenitude geometria dimensões o boom do universo tapete estelar o cosmos os irmãos de gaia a primeira experiência de gaia força a lua o alimento sonho o microcosmo o dom proteção animais magia cura sabedoria consciência terra planta água peixe ar borboleta fogo, a dança.
ela dançava. a primeira humana.
ancestral tataravó trisavó bisavó avó mãe eu, filha


aprendizado e gratidão.
ela vivera o todo que é tudo e é uno.
quando despertou, chorou até secar
pois tinha acabado de nascer.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

sintonia sincronia

...aquelas gotinhas caíam sobre os  meus ombros
e eu queria dançar dentro delas vistas da perspectiva dos meus olhos
era um contato fino e suspenso da alma em vida
ela sabia...

era você. sempre foi você.
estreitar os laços, os nós dos corpos na cama, a voz...
alguma vez eu já te disse o quanto respiro o timbre da sua voz?
eu consigo sentir
é um contato fino e suspenso da alma em vida
uma conexão ancestral de energias opostas que se unem
agora eu sei.

e a alma, as almas, tudo aquilo que aprendi com você
elas já sabiam.

domingo, 6 de outubro de 2013

eu não soube ler que o meio era o fim

"de consumo breve" escrito em kanjis
eu quis, ah como eu quis ir pra jeri...

mas sua placa "made in japan" dói demais
procurei em vão seus dons ancestrais
falas brasileiras eternas sem haikai

quem saberá se é nunca ou logo mais

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

No escuro do mundo havia uma planta
Sem escudo, a muda, para sua defesa
Eu escuto ela muda sobre aquela mesa
A esculpo e ela muda a cor de seu pranto.

08/13

Nos Olhos dos Bichos

Me solto da existência humana.
Imperceptível.
Leve bruma sem importância.

Qual foi a última vez
Que você ouviu o tino interior?
O sino que descamba
Pro lado das emoções...
Eu que sou carne e não pude
Desenvolver o pleno do que não é.

A preocupação sempre foi carne.
Se vive ou se come.

Carne. O podre do homem.
Eu, meio bicho, não soube me criar
Gente.
Moro no inconsciente.

O que não solve, traga
E isso me sorve e cega.
Meu Deus, me traga de volta
...Se é que existe o que me completa...


11/08/13

Captação da Imagem em Lares Opostos



Derrame seu pranto (santo) no calor de meio-dia
Quem ouvirá teu choro notívago?
Adormecem homens e as juntas e o corpo.
Dói a carne que sou e a que como
E doem os tinos timbrados dos sonhos
Lavei. Levei e fui no anteposto.
O que é aquilo e aonde me ataca?
Aquilo qualquer mais digno
Do que carregar essa existência
Que transforma códigos em informação.
Aonde eu moro em algum lugar lá fora?
Na mendicância do amor que a mim mesma desconheço...
Moro, de certo, no frêmito dos ventos
Nos lares onde ele passa apagando o fogo
E na imperceptíveis oscilações capilares.
Tu que lês um poema sem propósito,
Jamais saberias da tortura de escrever.

Eu sou a minha palavra.
E a minha palavra salva todos os dias a minha vida.

Lavrei.
Jurei-me íntegra e despedaço.


30/06/2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Largada de Véus

Eu e a fumaça e a nudez
O quadro da tortura à lucidez
Do meu corpo puro de amor
No quarto da cruz e do terror

Diminuta dentro do que existe
A Seiva Bruta, corrosiva e ilustre
Caem os panos da tragédia (triste)
Às sombras silenciosas do lustre

Eu de algozes branca e lívida
E os algodões crus dos sonhos
Projetam a cruz em meus ombros
Proteger é necessidade de vida

Me engole a cama e o chuveiro
Nas têmporas, as marcas dos dedos
Sentindo o sujo do sêmen
Agosto. À gosto do homem

Desfalecida
De nojo do falo
E das sereias malignas
Nuas e podres como Moscas mortas
Reajo, solfejo, bocejo ou grito?
Desisto!
O que não existe há de ser mais bonito

Eu me encerro no segundo fato
Entre a lembrança (seis e um ato)
Eu choro como cachoeira fria
E danço com a morte dentro da porta.


(28/08/13)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

branco é branca

acordo
no pântano lamacento da saudade
esqueci que a cidade
me deixa à parte de você

pinta
tuas cores mais insanas
não há de haver santas
humanas
aonde estiver

branca
ô branca.
ar de vida de mulher.

seja gêmeo de mim e pulsa
me pega pelo braço e foge
de mim, de ti, do que vier

branca
ô branca
faz de mim o que tu quer.

corpo nu, desejo, chama
me chama, me ama, me engana, se quiser
me tranca de novo em seu quarto
puxa a trança dos meus cabelos opacos

antes que a saudade profane minha fé.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

cristais (ou a dança das sete águas)

dentro do rio menina moravam sete águas

e o rio menina não sabia dançar.

haviam águas de escorrer,
águas de batizar
água de nascimento
água de tormento
e água de limpar
águas de espelho
águas de mistério
água doce mansinha
e o rio menina só queria jorrar

oxumaré remexia as ancas aqui
iemanjá trazia o rebento de lá
mãe nanã vinha com as águas do ar
tétis, filha de gaia, paria gotas infinitas
e as sereias cantavam pro sol pousar
sarasvati reluzia os sete de além mar

peixes sonhava em constelação
câncer se compadecia da situação
e fluía escuro o sombrio escorpião

cachoeira.

onde deságua gozo e deságua dor
profundeza de tudo é o estar
o rio menina não sabia fluir,
o rio chorava o sal do mar.

amanhã voar

a carne é tão apegada ao chão quanto a alma ao luar.

brinca comigo, amor, que eu te dou uma rosa
rosa branca com perfume de nuvem adocicada

e essa rosa é tão irremediavelmente branca...
que vem o tempo e subitamente sopra
e as pétalas voam e compõem uma nuvem
tão doce e tão efêmera
quanto o perfume
a essência

amor.


19/07/2013

domingo, 21 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

yin-yang

iluminado pela luz alva
pois a lua cheia te fez alvo
seu olhar refletindo o Espaço
morada estrelar de fundo negro
faz desnecessária a janela
é a alma, e passam por ela
os astros do nosso enredo.


29/03/2013

cabimento II

porque o ente só cabe em movimento
o que se sente só cabe no momento
mas a semente é um bio-monumento

o que estica cabe no comprimento
o que não cabe vira complemento
e o que fica chama-se conhecimento

domingo, 9 de junho de 2013

cabimento

vida.
linha fina de tecido tênue que perpassa meus dedos.
no escuro
me personifico em sentidos para alcançar sua vibração.
caberia num quarto, caixa, ou no invisível
cabe no sensível

momento. agulha.

a vida

cabe
no momento.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Inside

If he calls me,
I'll go.
But if he'll call me
I don't know

I've been here since ever, there
The colored things that I can't spread

If I have wings, I can't fly
And I have nowhere to hide.

sábado, 18 de maio de 2013

Musicalizar

O verbo se faz desnecessário
O si, o dó e o lá
Se aqui, só ou lá
Transcendem o vocabulário
Musicalizar
O ar colore o silêncio
Antes do ar, era silêncio
E a natureza se fez canção
Nosso som primordial é coração
O mi, o ré e o fá
Em mim, a ré do pensamento
Fa-Rá
O sol
Brilhar

No samba

No jongo
Quilombo
E miçanga.
Ditongo
Na longa Aruanda:
Amando
Amanda, de canga
A mando do Congo
E congas
Nas ancas.

terça-feira, 14 de maio de 2013

XXIX

ela amava o seu coração. mas será que amava o coração personificado? bomba emocional sempre por explodir?
amava como os romances mandam amar.
romantizava o real e irrealizava desde as beiradas. ou amava o seu seu coração? bomba muscular, já tonificado por tantas acelerações... se ela pensava assim, gostava do narcisismo de possuir um coração. o coração dela, então, não saberia o que é amar.
ou era dele ou para ele que vinha ou ia o amor?
dentro dela existia um coração. exotérico e esotérico.
quem ou de quem quer que fosse, ou qual função assumisse, nada. a única coisa que ela sabia é que, embora as ideias amorosas viessem de uma entidade opressora irreconhecível,

antes das lágrimas escorrerem pelo rosto,
elas inundavam o coração.


- "deus, aonde você mora quando tudo transborda?" -

sábado, 11 de maio de 2013

XXVII

eles teimavam em contar uma mesma história sobre um menino muito branco que via seu reflexo num copo de leite. ela já estava cansada de ouvir o ponteiro e as badaladas e o palpitar do coração... ou tudo era uma coisa só?
se essas coisas se inventam, ela inventara a voz.
e antes da voz tudo era corrosivo silêncio.
com a voz ela podia dizer ao dono do açougue que fechasse as portas, ao professor que fosse às favas com os meninos brancos, e ao taxista que parasse de a imaginar nua enquanto ela passava com a bicicleta.
mas calou.
e com a sabedoria de quem inventou a voz, a menina soltou um balão que continha um bilhete.

- então ela falou com deus -


10/05/13

terça-feira, 7 de maio de 2013

não quero falar de amor

embriagada na imagem da serpente
tô cansada dessa gente
que finge que não sente dor
me traga qualquer ente de trago de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor

enrustidos na carranca, eles cheios de pavor
vivem tudo às metades, falam de liberdade
mas é coisa de ator
do circo do escárnio, cansei desse baralho
liquidificador
liquidando a verdade
me traga qualquer arte de frasco de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor

jogaram bomba atômica no meu jardim de flor
minou tudo que existia, só ficou grama vazia
exaurida de favor
calor mata o que não é fato
nunca vi tanto boato
crônica do dissabor
me traga qualquer ato de brado de torpor
porque hoje eu não quero falar de amor

dou adeus às alcalinas
pirilampos, sabatinas
aos domingos de horror
me faça qualquer raça que o instinto dominou
e me quebra a vidraça de cristal do sofredor
porque hoje eu não quero falar de amor

segunda-feira, 29 de abril de 2013

simultâneo II

"Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração"
Chico Buarque

meu cabelo em seu travesseiro
sua voz no meu repertório
meu cheiro ainda em seu lençol
e é debaixo das minhas unhas
que há vestígios da sua pele

e dentro de perguntas não respondidas
que mora a prova cabal:

sua estrutura, enrijecida
e a minha carne estendida no seu varal.


09/04/13

terça-feira, 23 de abril de 2013

"te respirar"

voa nuvenzinha branca
do braço direito colorido
carrega todo o cosmos
pois com ele está vestido

voa nuvenzinha, nuvenzinha branca
paira em mim docemente
me branqueja a umbrática brânquia
no teu respirar inocente

voa nuvenzinha branca
de aura alva e incognoscível
me protege a alma criança
sonhando paixão impossível

voa nuvem, tão clara e minha
como te quero sempre por perto!
a ti, prometo-me passarinha
enquanto há nuvens pelo deserto

segunda-feira, 22 de abril de 2013

extinta

ando obsoleta da pequenez humana
me vejo remindo os sobejos
de velhos opacos arquétipos
miragem de brumas, fumo não sana

espessos corais de horrores
em terços nupciais
olhos ante abissais
toando o ópio de amadores

na aresta o grume inerme
do visco em seiva que transborda
em tez, causticante cerne
escara do sol n' emigrante horda

àquela beira deixei signos
estilhaçados lumes ígneos
abarcando seres místicos.

domingo, 14 de abril de 2013

simultâneo

há mulheres parindo
assassinos dormindo
primeiros e últimos gritos
há feras na selva
orvalho chegando à relva
e o relógio batendo no tic.
há novas descobertas científicas
revoluções humanas artísticas
colapsos sociais.
o sol nasce no japão
e aqui, meu coração
não ve outros cardeais.
viciei-me no norte
e vê só que pouca sorte
gostar de ser assim...
ultimamente medito
em quão grande é o perigo
de querer-te mais do que a mim.


03/11/12

domingo, 31 de março de 2013

E não há nada que eu possa querer mais
Do que estar em sua presença agora
Assistindo ao espetáculo
Mais profundo do seu olhar
Mas quem é você, e aonde está?
Em mim, em ti, ou em quantas faces já amei
Morarás, acaso, no futuro?
Ou és um ingresso de cinema
Ou uma flor seca do passado?
Ou pior
Acaso morarás em mim?
Se faz momento presente quando grita o atordoo da solidão
Em qual dimensão?
Te encontrei no início, tu me aproximas do fim
Das encruzilhadas em que me permeio...
Te perdi de mim, me perdi assim
Do meu próprio olhar no espelho

sexta-feira, 29 de março de 2013

Limão, Gengibre e Mel

De fora da janela fria
A lua cheia estava turva
Das nuvens, descia chuva
O céu esbanjava púrpura
Porque a luz tudo invadia

Dentro da janela da alma
O luar também se refletia
Na fumaça que nos aquecia
Nos olhares, muda profecia
E o elo que nos trazia calma

A lua cheia encoberta de nuvens
Sob a coberta, seu corpo nu vem
E me chove, ilumina e aflora
...Sob o tempo suspenso nas horas...

(Qual foi o tempero
Que você colocou?
Qual feitiço certeiro?
Naquele chá de amor...)

Sinto sede do teu cheiro
Tua boca tem meu desejo
Toda minh'alma te clama.
Com limão,  gengibre e mel
Que o mundo se acabe no céu
E que o céu seja sua cama.

domingo, 24 de março de 2013

refração

se a moda é mentir, vamos falar sério agora
na minha casa, lei da babilônia não vigora
enquanto você acha bonito fingir que ama e machucar
mãe terra me abençoou com verdade e dom de amar

eu sei como você age, fomos concebidos no g do tempo
eu sei como você age, estamos ligados pelo firmamento

sua constelação é a mesma que a minha
mas do seu caráter, o meu não se avizinha
você é a metade escura da cabala
eu, a paz multicolorida da mandala

te vejo no espelho porque te tenho em mim
mas não desenvolvi os males de ser assim
o que vem fácil demais, fácil se desfaz
a luz da minha alma me impôs um pé atrás

eu sei como você age, fomos concebidos no g do tempo
eu sei como você age, estamos ligados pelo firmamento

graças ao universo não me deixei iludir
a tentação sempre há de tentar seduzir
mas só quem é forte na raiz, forte na missão
tem o discernimento de fugir da omissão

vou seguir o meu caminho abençoado pela liberdade
continuar levando a vida em paz, jamais na vaidade
sei que serei coroado com bênçãos no meu lar
e com amor por toda vida, a vida vou enfeitar.

domingo, 17 de março de 2013

amar

entre o muro
e a amora
o que cabe no agora


16/03/13

desatados nós

ao mago
do âmago
ao amargo:

levo meu fogo pro teu endereço
mas não te amo nem te quero preso
e te ofereço
a metade esquerda da rede
minha boca pra saciar tua sede
um pouco de ti,
nada de nós
você sempre está sozinho
quando nós estamos sós

domingo, 10 de março de 2013

(pausa: LSD enquanto oração)

(queria, como em um suspiro, equiparar-me às árvores
ou a tanta coisa sutilmente viva que cabe dentro de uma janela
atingir a iluminação com força e plenitude
e fazer qualquer palavra desnecessária.
por enquanto, resumo-me arvorar poeta
(mas só em dias assim, em que sou invadida pelo nascer do sol)
sonho
que todos os meus irmãos do brasil, da áfrica, do nepal, do mundo inteiro recebam essa força.
queria agora, poder abraçar muito forte um irmão necessitado!
a gente esquece que ENERGIA CURA).

minha mãe me curou, porque eu sou filha dela.
minha mãe me curou, porque ela é a mãe terra.

e eu agradeço todos os dias por estar viva
com o sol me sinto renovada e fortalecida
me arrepio só em pensar em tanta coisa linda
só tenho amor e paz e em mim tudo é magia

minha mãe me curou, porque eu sou filha dela.
minha mãe me curou, porque ela é a mãe terra.

e o nosso pai, yang contraste com o branco
de um pai e de uma mãe, pois somos filhos de santo
santa é a nossa casa, santa é a criação
duas forças opostas em equilíbrio e perfeição

sinta a força do tambor que emana positividade
nada disso é clichê, o reggae é o som da verdade
abra sua consciência pro que é felicidade
ela mora em você, espalhe isso pra cidade...

amar de verdade, sentir a luz se espalhar
me dê a mão que a paz vai multiplicar
a nossa mãe precisa se sentir no lar
vamos enfeitar! vamos enfeitar a vida!

minha mãe me curou, porque eu sou filha dela.
minha mãe me curou, porque ela é a mãe terra.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Quartzo

Não hei de dedicar-te mais um soneto ou palavra
Acontece-me ocupar do urgente
E não há nada mais urgente em teu pardo
Nada me alicia à tua flacidez moral
Esta é tua última fotografia.
Não mais me preencherá do raquitismo
De corpo que ao amor transborda
E fica adiado aquele telefonema ameno
Meus ouvidos carecem do urgente
Urge, em mim, a deusa adormecida
Deusa incontentada dentro da mulher leoa.

O quartzo do futuro palpita em meu peito
Meu quarto não tem mais teu cheiro
Meu corpo anseia um mar lilás.
E em nada me dói as sete fêmeas no seu rastro
Exausta, recompus-me no no cansaço
Guarde suas ladainhas para o couro e o coro de necessitados
Que em seu redor respiram procissão.
Meu corpo anseia um mar lilás
Nunca mais amar em vão.


01/02/2013

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

mapeamento de rotina

dei boa noite aos deuses do plano racional
e mergulhei em pensamentos desconexos
tudo anda meio convexo
dentro da sonolência humana.
penso: sou a dita cidadã padrão.
posso até despertar antes do despertador
mas jamais me levanto.
espero os sinos e trombetas da tecnologia soarem
para, pontualmente, acordar minha dor.
sempre quase desisto.
mas me visto
não como nada, e nunca esqueço o sutiã.
ele me abraça forte
e me dá segurança.
acordei mulher e nem me lembrava.
ainda carrego aquela inocência infantil
de acordar e existir sem muita complexidade.
pego um ônibus, oportunidade de meditação urbana.
lá respondo a perguntas confusas impensáveis
penso no mistérios e em ser assim, geminiana
e deito os olhos no cadarço de quem carrego a bolsa.
quando saio, sinto uma sensação de abandono.
tenho medo alheio mas enceno o personagem social.
em algum momento do dia me arrepio, tenho sede de caneta
penso que morrerei se não escrever.
no banho crepuscular me revoltei:
sinto saudade do mato
quero frio de planta molhada
e plantar e comer com a mão.
vontade de poder ser bicho.
me encharquei de sonho de abdicar ao tempo
e ao amar como ditam os livros de romance.
no rosado por do sol, tomei banho de azul
e me invadiu a pureza lilás.
no caminho de volta
clarividencio todo meu futuro.
senti a quentura da felicidade combinada à esperança.
não sou a dita cidadã padrão.
sonho com silêncio e muita paz
e carrego com urgência um buquê invisível de flores.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

à claire de la lune

era clara e quente a noite do litoral
era Clara, quente acaso angelical
e branca a lua cheia
branca a fina areia
branca a menina na pele de sereia

encontro tão memorável
indígena e lusitana
num porto de pernambuco
remete à colônia inefável
cuja raça profana
em duas luas fez-se fruto

sentadas à beira-mar
o vento dançando em seus lisos cabelos compridos
arrepiei ao escutar -
Clara era atriz, e por isso dizia bem ao pé do ouvido -:

"Por que tens, por que tens olhos escuros 
E mãos lânguidas, loucas e sem fim 
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim 
Impuro, como o bem que está nos puros? 

Que paixão fez-te os lábios tão maduros 
Num rosto como o teu criança assim 
Quem te criou tão boa para o ruim 
E tão fatal para os meus versos duros? 

Fugaz, com que direito tens-me presa 
A alma que por ti soluça nua 
E não és Tatiana e nem Teresa: 

E és tampouco a mulher que anda na rua 
Vagabunda, patética, indefesa 
Ó minha branca e pequenina lua!"

e disse que parecia feito para mim.
ah, como amei os seus lábios carmim
mesmo sabendo que o desejo finda.
mas vem a poesia e eterniza assim:
deixei sua paixão desesperada e linda
junto à iemanjá, no seio de olinda.

refrãozinho para desengasgar

(não que me faça falta ou diferença, mas me atormenta o tino ouvir ciclicamente a voz de dentro repetir o refrão. essas coisas todas deixei no mar, mas eram pra ter sido cuspidas antes de encontrá-lo. então, apenas obedeço ao interior, e aqui jogo despojadamente um pensamento atemporal. ou antes, deixado no tempo.)


vá cantar com as gaivotas
que eu vou abraçar o mar

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

aprendiz da amar(te)

pra que esse enorme rebuliço?
sem respeito não firma compromisso.
o tamanho do mal que me causou
foi injusto pra quem tanto te amou.
eu sonhava e te dava o meu melhor
você, pra mim, o que tinha de pior
e eu querendo tanto acreditar
que nosso amor ia se perpetuar...

por que, meu bem?
não te dói também?

saber que havia tanto amor
que minha pureza você matou

por que, meu bem?
não te dói também?

saber-se pra alguém, tão especial
e fazer do infinito, mero mortal...
o que é a bondade travestida
ante à grande culpa de uma vida
tão vazia assim, sem mim.
te mostrei minha melhor parte
levei a tristeza na arte
mas pra você nada bastou...
um dia sei que se aprende
que a vida te surpreende
com a verdade que é o amor

por que, meu bem?
não te dói também?

crucificar tanta nobreza
e abster-se da beleza
que têm os homens de bem
...que só quem AMA tem.


(20/09/12. vindo a calhar exatamente)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

eu ávida

você áspero
me lembro de seus cachos
onde, cálida, me perdi
na sonoridade do solfejo
entorpecida de desejo
o olho estático preso em ti

você árido
carregava um nordeste
nas costas, na bandoleira
seis cordas de agreste
aura que brilha e enobrece
as alpercatas rubras de poeira

luz de sete furos no bambu
cheiro doce do doce de imbu
que no cerrado veio florescer

esconde léguas do meu apelo
quando o símile amanhece no cabelo
e o destino me obriga a anoitecer